Fado Tropical



Sabe...
No fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro)
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente...
Chora.

Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto

Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa

ευχαριστώ



Τι είναι αυτό; Δεν ξέρω... Δεν καταλαβαίνω, but give me sometime.
Θέλω αυτό, Εντάξει; But give me sometime.
Now what I can say is Ευχαριστώ and that Παρακαλώ in my life.

Γειά σου, see you in Δεκαπέντε Ημἐρασ.

Não, não pára.



Aprende uma coisa, de uma vez por todas:
Se existe uma coisa nesta vida, nesta nossa vida.
Que defina melhor esse caldeirão que é
Tudo que eu acredito.
É que ninguém e nada nesta vida
Vai conseguir, ao menos
Um pedacinho da carapaça que me cobre.

Eu sobrevivi, sobrevivo e vou sobreviver.
E mais do que isso
Eu vivi, vivo e vou continuar vivendo.

Então, meu bem, sinceramente...
Arruma algo melhor o que fazer

Tenho idade o suficiente
Para ter heróis lindos que
Lembram-me todos os dias
Da espessura da minha própria pele

Obrigado e seja feliz.
Ou ao menos, seja menos
Para ser um pouco mais

Fica a dica.

Duas Luas



sonhos. eu não consigo imaginar um lugar melhor para estar na vida, em muitos momentos. tem quem pregue a ditadura do real e não sabe o que seja o real. o real é água, peixinho. mas eu gosto de lembrar que até peixe tem asa, logo, nada na vida é tão estático assim.

eu tive um sonho, e não foi só eu. sonhei com duas luas em um céu azul, e elas dançavam na minha frente. sempre tive sonhos assim. sempre sonhei com mundos distantas, de céu laranja, construções imensas, erguidas no ar. já sonhei com lugares tenebrosos, com criaturas animalizadas, mas carentes de muito amor. já sonhei contigo, e até com ela sonhei, mais de uma vez. já sonhei sonhos que antecipavam o futuro. já sonhei com pessoas me ajudando a desenhar uma letra difícil no papel. sonhei que falava línguas mortas, sonhei com pessoas mortas falando um linguagem viva como o fogo. tive sonhos em forma de avisos, tive outros em forma de carícia e abraço. tive sonhos eróticos, e outros singelos, em forma de coração.

mas esse sonho não foi só meu, e por isso eu senti algo estranho nele. não sabia explicar, nem aquela pessoa que sonho comigo também não, mas ficamos juntos tentando entender as luas, duas, no mesmo céu. e fomos obrigado a concluir coisas gigantescas, cheias da magia dos calendários antigos. essa pessoa não é sangue do meu sangue, mas é alma da minha alma. é aquela gente que você encontra na vida, sorri e que diz "oi irmão" e tudo volta a fazer sentido, a roda da vida volta pro seu eixo, e o corpo de carne abre janela pro espírito que acena lá de dentro e convida a entrar. ela entrou, e tá aqui. e quando ela disse "sonhei" e me falou das luas no céu, que dançou com elas também, o que mais eu podia pensar que algo grande ia acontecer?

duas luas no céu é o anúncio do absurdo que entra em órbita, é a chegada de um tempo onde tudo vai perder o sentido pequeno e vai se banhar no mar de peixe velho e sabido. esse alinhar começa contigo e comigo, com ela e com ele, com as nossas histórias, suando e expelindo tudo de ruim para agora respirar perdão e tudo tá bem. mas isso não para em mim, nem em ela, é compromisso de todo mundo. é como se santo agostinho lá de cima risse para todos nós do alto de sua fé, e desepejasse raios de novas formas de ver a vida. se podemos ter duas luas, porque não podemos ter corpo e espírito, duas realidades do mesmo ser no mesmo céu de uma existência estrelada de amor, compreensão e fim de semana juntinho? se a vida tá dando o gato em astrônomo, que é amigo da matemática, porque não daria também no filósofo e no pensador que é filho da incerteza e do nada sei? meu corpo, teu espírito, teu espírito no meu corpo, tua presença quente a palpitar cada linha do que escrevo e chamo minha vida. a morte do ego, a era da persona. do partilhar, do viver. a lua ficou esse tempo todo sozinha no céu, e todo mundo achava que era porque era namorada do sol. agora veio poesia e sonho e tudo ganha um novo sentido, porque na verdade, seu amor voltou, para a frustração da matemática dos caretas.

duas luas sou eu e você meu bem, brilhando no céu de uma nova amizade. é o amor renovado pela dor, tempo e saudade de falar besteira junto. duas luas é a certeza que noite agora não é mais desculpa para ficar no escuro. duas luas é oportunidade dupla, de reencontro, de certeza que apesar de parecer que vagamos astros solitários na órbita do que foi mal-dito, tudo no universo gira, até ele mesmo gira, o que acaba colocando as coisas novas em lugares novos junto com os novos pensares e formas mais serenas de dar pirueta, que não deixa ninguém tonto.

duas luas é o tempo que chega pra mim, pra ti, pra ele, pra ela. loop do fiat lux pra nos lembrar o quão poderosa são as forças que pairam sobre e em nós.

duas luas, porque o impossível é nada.

A Midsummer Night's Dream

(foto: minha -> parque em newham, londres)

queria só te dizer que a sua não-presença se faz notada, e por mais que tua cabeça dê mil voltas, eu te digo que houve tempo suficiente para darmos mais de mil passos juntos, que é o que conta no final

queria te dizer que tudo foi bom, porque foi tudo sem querer. acho que nunca vamos ter uma explicação pro acontecido, tanto que seguimos, e o que foi pode ter ido mas enquanto era foi sincero

queria te dizer que nada foi pouco, e me fez muito. basta dizer que revi minha visão sobre aquele poema, e relendo o poeta me vi beijando o papel, grato por essa eternidade que em nós durou e deixou marcas

enfim, o que eu queria te dizer era isso, ou é ainda... de qualquer maneira, antes de ir, só mais uma coisa:

obrigado, pois tua teimosia de andorinha fez o verão


Paz e muito amor para ti.

um só



Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai! eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de sua inútil poesia e de sua força inútil.

Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será e virá a ser
E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante.

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada.

Alvorada, morena.



Apesar de tudo, de nada, de você, de mim, de ninguém.
Alvorada.

Sigamos em frente.
Beijos e paz.

Tales of Braves



You thought the leaden winter would bring you down forever,
But you rode upon a steamer to the violence of the sun.

And the colors of the sea blind your eyes with trembling mermaids,
And you touch the distant beaches with tales of brave Ulysses:
How his naked ears were tortured by the sirens sweetly singing,
For the sparkling waves are calling you to kiss their white laced lips.

And you see a girl's brown body dancing through the turquoise,
And her footprints make you follow where the sky loves the sea.
And when your fingers find her, she drowns you in her body,
Carving deep blue ripples in the tissues of your mind.

The tiny purple fishes run laughing through your fingers,
And you want to take her with you to the hard land of the winter.

Her name is Aphrodite and she rides a crimson shell,
And you know you cannot leave her for you touched the distant sands
With tales of brave Ulysses; how his naked ears were tortured
By the sirens sweetly singing.

The tiny purple fishes run lauging through your fingers,
And you want to take her with you to the hard land of the winter.

Dance Day.



Por que?

Porque eu acho que relacionamentos são meio filme cafona: começam do jeito errado, no meio você quer que dê certo ao mesmo tempo que acha que vai terminar uma merda, e no final, sem perceber, contagiou o salão inteiro sem precisar beijar a mocinha.

Feliz dia dos relacionamentos para você, seja com quem e como for.

Stage Door


de todas as coisas que não estamos preparados a maior é a de assistir o espetáculo onde aquela pessoa que protagoniza os melhor daquilo que nem sabíamos o que era se transforma em tudo aquilo que nunca pensamos fosse. findo o ato, caído o pano de ísis e descoberto o rosto sério da deusa, ficamos ali meio que procurando uma pedra para sentar em cima. filósofos da última hora, abrimos e fechamos os bares ao redor do já-te-disse-acabou na progressão monocórdica de mesma pergunta de sempre: por que? 

o engraçado disso é que você e eu sempre nos achamos platéia. comassim? explico: achamos que tudo que aconteceu foi um monólogo encenado por ela, essa-pessoa, e que a nós coube o papel de criatura ouvinte, nada versada no teatro dos relacionamentos, que se senta meio de banda na cadeira com um olho na porta e meio ouvido na ladainha da dita-cuja. a cada susto que lembramos, a cada palavra áspera, e até mesmo cada gota de suor do olho cansado do sempre-a-mesma-coisa, pensamos tudo fazer parte da arte de quem nos colocou ali como vítimas-sentadas de um roteiro bem elaborado pelo Sr. Destino para ela, tua atriz.

é quando cai o pano. e aí meia volta em todo mundo e foste à procura de algum camarim. e no caminho tens teu primeiro susto de Walter Murray: teu nome na porta, junto ao dela. entras e vês que pendurado em um canto estão teus casacos surrados e todas as surras que deste nela, entre cabides e anotações carinhosas para despistar os gerdarmes. teus chapéus e tua cabeça oca estão dentro de uma caixa junto com as lingeries e as auto-promessas dela de que dias melhores virão. tuas calças, sim porque apesar de tudo te dizem homem, estão ali, entre os vestidos, entre as coxas invisíveis de quem se abriu mil vez mil em intimidades, sussurros e gemidos e arranhões, que é como a pele diz que ama, para ti. andando um pouco mais, tu vês que em cima da mesa dela, o único lugar dela em meio à bagunça e à mistura dos-que-eram-dois, ela guarda a lembrança de te assistir dormir e a lágrima que derramou quando te deu aquele primeiro beijo. 

a cabeça fica em chamas. comassim? explico: quem estava sentado derrepente é posto de pé. e não bastando isso, é educamente conduzido para fora do recinto. à porta vomita-se impropérios, ameaças balzaquianas: iremos aos jornais; mancharemos teu nome; perseguiremos-te com toda a força de nossa ignorância. e assim fazemos. queimamos o óleo da meia-noite consumidos na cegueira que achamos ser do momento-culpa-dela. oscilamos entre a passividade patética do mea maxima culpa e a postura agressiva-frustrada de repetente pra quem tudo é motivo para tentar agredir quem cometeu o crime de passar de ano e seguiu em frente. nunca um meio termo, nunca um senão, nunca um pare-para-pensar. tudo é dor quando todo odor que queremos sentir é o da carne podre, cadáver zaratustriano que arrastamos em orgulhosa pose maquiavélica. 

passa o tempo, passa bem de-va-ga-ri-nh-o o tempo. cada segundo tic-é uma lembrança-tac do relógio que registra a lentidão de tua burrice de autor da província de sempre-esteve-longe. acreditas então ser toda a humildade ir tu ao palco, chorar as lágrimas de ex-crocodilo. entranto, uma vez fera não se perde a bestialidade: ao primeiro sinal de dúvida dela, gritas e faz dos pulmões veículos para loucura, que é justamente o amante que a convenceu a ir para qualquer-lugar-longe-de-ti. novamente te convidam para fora, desta vez com o aviso de que-não-se-volte-mais-fazendo-o-favor.

passa o tempo, passa rápido. desta vez tua mente tem todo o tempo do mundo para se encher de novos e velhos clichés. pouco a pouco viras repasto das teorias que teu orgulho repele, pois aceitas tudo menos ser tido como o-pobre-doente. louco sim, estúpido sim, inconsequente também... mas doente são os outros, inclusive ela, porque só assim alguém ia querer te deixar. e aí é quando aposentas a pena e viras colecionador sinistro. ao fundo do teu escritório passa a existir uma ante-câmera secreta, a qual a senha para entrar é o nome de uma das esposas de uns dos amigos de Byron. lá dentro tudo é escuro. jarros e mais jarros de lembranças boas e ruins se amontoam desorganizadas entre garrafas de rum e outros tônicos da alma culpada. porém, ao fundo e de maneira assustadoramente metódica se encontra o agora-trabalho-da-tua-vida: amontoados os corpos das tuas amantes-de-depois-dela, cada uma a faltar um pedaço. em cima da tua mesa, e costurado com as linhas de tuas projeções e idealismos, ela, a tua-pessoa feita de retalhos e enxertos das outras-que-não-eram-toda-ela. monstro-da-ausência, constructo da culpa, que em lugar do peito tem um buraco, a sempre-faltar um coração.

de autor à dor, o caminho foi traçado pela mecânica de mão indolente e violenta. assumir isso é o primeiro passo para recuperar a alegria de viver em qualquer lugar que seja presente. o segundo é afastar a culpa que te faz andar de joelhos e aprender a ficar de pé para ter a coragem de olhar tudo que houve nos olhos. terceiro, assumir que o-que-era é agora um problema, sério. a solução dele? silêncio. não do silêncio omisso, mas o silêncio ativo que é o começo do rio que desemboca no mar do sinceramente-me-perdoe. aliado a isso uma boa dose de conversa especializada com gente especializada, pois apesar de tuas voltas, tu continuas doente. reconhecer isso é imolar o teu orgulho, que por sinal, foi a mão que assinou a tua sentença de morrer longe, como cachorro. 

o resto é com o tempo. à primeira oportunidade que tiver, caso saiba que ela vai se apresentar em algum musical novo juntamente com algum novo-a(u)tor, peça teu emprego de volta no jornal, e faça como todo bom crítico: não vá ver a peça mas elogie! sim, não vá porque tu ainda és persona non grata, facie tudo que foi feito, mas mesmo assim aproveite para dizer que ela estava sensacional; primorosa; linda em seus trajes de sorrisos. farás teu trabalho ao mesmo tempo que ninguém pode te acusar de faltar com a verdade, não é mesmo?

agora é sempre o momento para se deixar de lado a prosa e se falar do coração, já que a literatura anda tão cheia de hearsay's metafóricos: ser bom com frases não faz ninguém mestre das entre-linhas. perdoar e pedir perdão quer dizer perdoar e pedir perdão, duas coisas separadas e totalmente independentes, e que, dizem, curam muita cardiopatia. peçamos perdão, por tudo. por cada gesto impensado e por cada mancha de sal em estrelas azuis. essa-pessoa continua e sempre vai ser a maior educadora que se pode ter em vida. pensar nela deve fazer o dia ficar melhor, acompanhar o seu progresso é a forma que se tem de todos os dias de dizer o silencioso muitíssimo-obrigado-por-tudo-que-tu-me-deixaste.

no mais no mais, seja feliz, pois tanto o errado quanto o certo merecem.


(fim do ato)

Fatos a se Consumar



tá certo papai, eu sei disso. sei que em cada esquina tem alguém te oferecendo uma muda de roupa suja tua para tu lavares, que salto alto e ladeira não combina. tô sabendo. tá dito também que a gente é confuso dessa confusão que não soma um com um com medo de dar três, que dizer do quatro! tá falado. aprecio mas me reservo em direito e se desconfio é porque eu nunca vi nada comigo começar que não fosse de cabeça para baixo. certo na vida só tenho a minha hora de morrer: que vai ser numa manhã nada tranqüila de um sábado de março, porque todo mundo vai se espantar menos eu. 

sim, eu liguei no telemóvel da gaja lá e ela ficou de me falar o que tava errado. fui mas voltei chateado, obrigado a rasgar a cuíca porque tudo que eu dizia terminava com "ô pá, és parvo!" fala sério rei, quer dizer que a moda agora é ser normal? todo mundo quer a sorte de um amor tranqüilo, desses de domingo no parque e cachorro com fralda. desses de final de semana no algavarve com foto editada, sépia, para dizer pros amigos que "foi assim desde sempre". tá certo... exagerado né? tá bom...  no dia que tédio encher copo d'água vai ter gente me ligando para ser salva-vida da sede de quem não me esqueceu. e aí cê vai jurar que eu faço troça.

sempre fui azarado. nunca ganhei rifa, prêmio, sorteio nem beijo de boca que não me mordesse depois. nunca fiquei pra amigo, nunca tive pinta de herdeiro de comida requentada e sou sempre capa da revista. passa o dia, o mês e o ano. passa até década, que daqui a pouco vou me dar o luxo de fazer bodas de sacanagem que fiz no passado. fala mal, fala bem, fala mal de novo, aí lembra, e só fala bem. eu fico mal, fico bem, faço as pazes, faços as vezes, mas sempre faço bem, lembra? sou o pior, sou o melhor. para a amiga eu não presto, pro amigo, exemplo, e pro namorado sou história, coisa que já passou benhê, fica tranqüilo! fique sim sócio, comigo ao menos pode ficar...

e aí é tarde na quinta, você chega e puxa conversa. acha engraçado eu não dar a mínima idéia para toda essa conversa que é o contrário do que eu digo e acha estranho eu ter saudade da Amélia, a que era mulher de verdade. ah parceiro, o peito dói né? claro que sim! mas fazer o que, se toma uns copos e a vida segue. meio-dia aparece um outro amor, menor, maior, e a gente se vê de novo enrolado com meia-dúzia de coisa para dizer que não sabe ao certo o que é ainda. o problema? o problema é a morena pai, não pára de nascer no mundo! todo dia tem gente fazendo morena, morena aqui, morena ali... e aí? já me conformei e minha reza é a reza pro santo para que não pare de aparecer dona da minha vida. dizem que a de cabelo preto e cintura fina é para casar, oxalá! Todavia e até lá a gente se reúne ali no bairro para cantar a beleza de quem passou, de quem vai passar... e claro, daquela que um dia fica sem querer ficar mas acaba te acabando!

sim, já se viu o que vou te pedir: não me rogue praga! camarada que você é, te peço que me deixe aqui com meus i's sem pingo, meu dia de domingo e a cerveja. não me peça certeza, não agora, porque não me falta vontade dela, mas ainda não me apareceu aquela, minha Dom Pedro I que do alto da sacada vai me tornar terra independente dos favores da baixa. Bonito né, mas acredite, nada disso vem fácil, nem é tranqüilo. Gostar é ofício de encrenqueiro, paixão é chave de cadeia e amor e a sentença de passar o resto da tua vida procurando sentido para as coisas. Feijão, conta e toalha molhada, e o gostoso de tudo isso é não ter ordem alguma, para tudo virar caldo pra panela.

eu sou azarado, encrencado, mal resolvido, mal querido, nada certo, improvável e caótico, entretanto, tenho direito à minha melodia. vou ficando por aqui e te deixo com esse meio dedo de mim, morena, que já te dei assunto para pensar a vida inteira, ie. esta semana.

no mais, a boca está aqui: só falta a loucura. eu quero ver!

smack!

Pax Lusitana



You know what they say: o mundo é um quarto de hotel no Rossio. Roda a bola e eis que toda a gente vem dar aqui a meio caminho da Baixa, ouvindo o Chiado dos carros lá embaixo e do povo giro que acha fixe fazer barulho de manhã cedinho, inferno de quem sobe a colina e fica até mais tarde tomando vinho no Alto do Bairro, o monte dessa preguiça criativa de quem tem alguns escudos, antiga moeda das presentes imperiais.

You know what they say, e eu não podia ser diferente. Gosto de não acordar cedo e olhar o Rio de noite. Gosto de pensar que mereço algumas férias depois dela, dela e da outra. Aqui eu sinto o gosto, pela primeira vez, de escrever algo que não seja o passado. Sinto essa alegria de viver em um tempo que é tão antigo que nada disso existia: a insustentável leveza do paralepípedo que se desmancha no ar. A mesa n' A Brasileira, do lado do Fernando, com quem converso todos os dias, não todos que tem dias que não aguento o jeito londrino dele, que gosta de reclamar do tempo das coisas, da chuva e dos pombos que têm essa eterna mania de fazer piada de gente que fica parada no mesmo lugar. 

You know what they say sobre os bons costumes. Alguns momentos são de uma simplicidade tão crua que faz o homem ajoelhar-se sobre as calças de linho: um cálice de vinho da madeira é toda a doçura do mundo em uma nota de 5 euros, a mais pequena delas por sinal. A mão corre pro bolso do terno inglês, o dedo ajeita o óculos de armação italiana depois de acertar a volta do bigode, e a boca é o começo do túmulo das uvas que alguém colheu para colorir as primaveras da Rua Garret, onde todas as verdades se dissolvem nos taninos de uma tarde tranqüila.

You know what they say: Camões é o porteiro do turno da noite. Fica ali em sua praça, ao pé das travessas estreitas e das tascas. Um pé sucede o outro nas marchas pelas calçadas: aqui a bohemia requer preparo físico. E os atletas da boa mesa se esbarram sem se tocar, respirando fundo frente a escolha do dia: bacalhau ou polvo a lagareiro? Hoje vou D'ouro ou algo mais ousado, que sabe um frutado do Algarve? Sentados, somos todos oráculos, antítese da Esfinge: ao primeiro toque revelamos alegremente nossos segredos. A boca fala algo do estômago educado, o hálito é medido em cifras invejáveis. Ninguém é estrangeiro, ninguém é local e todos são senhores. Nunca temos opiniões, e sempre sugestões.

You know what they say a respeito da necessária gratidão a isso tudo. Sim, sou, tanto e muito. Só não me peça para me sentir culpado porque experimento a chance de ter paz em muitos anos. Porque depois de uma vida de não's, agora sei o gosto do sim. Não me afeta essa afetada crueldade pseudo-calvinista dos que carregam a peçonha por baixo do manto, ao mesmo tempo que saúdam César, como que em júbilo antecipado dos idos. Seguimos firmes, mão no leme e olho na terra, sempre às vistas. Pedimos apenas licença para sacudir a poeira e rir desse riso leve de quem finalmente cruzou o cabo da boa esperança.

You know what they say, e hedonismo é a derrapada na curva do aprender a gostar de si mesmo. Eu acho que tamanha preocupação é desconhecimento do autor da assinatura das faturas. A distância e a tranquilidade de bons dias cicatrizam feridas, trazem novas luzes para velhos candeeiros e inclusive têm o poder de te deixar mais humilde. Se hoje eu não ligo para ti e para ti, e não escrevo para ti, é porque sou pai de uma nova calma de espírito que só o estar longe do outro lado de tudo me ensinou. Se hoje hasteio alto minha bandeira e busco novos portos é porque tenho do lado de lá de quem ficou a amizade sincera e o incentivo dos que acreditam em mim. Por isso, abençoem minha caravela e rezem por minha viagem. Tudo isso vai voltar em dobro para você, e você e você, na forma de alguém que sempre carregará o respeito e a gratidão por tudo, dentro de si e direcionado para vós.

Por enquanto eu tenho meu escritório na Rua da Barroca, vários números. Estou sempre por lá, abraçado com pessoas, frutos do mar, da parreira e cervejas. Dá para me ouvir rindo lá do Cais, Sodré diria. Mais uma vez, obrigado por tudo, mas por favor, licença que quero ser feliz.

You know what they say, Deus fecha uma porta para abrir uma janela, e eu sou testemunha disso: quando fecha o Portas Largas e acaba o samba, a noite continua no Janelas do Atalaia. 


Um beijo para todas, e tenham uma excelente vida.

She Sa(i)d.



may i feel said he
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she

(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she

(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)

may i stay said he
(which way said she
like this said he
if you kiss said she

may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
(but you're killing said she

but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she

(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she

(cccome?said he
ummm said she)
you're divine!said he
(you are Mine said she)

Déjame que me calle con el silencio tuyo.



I like for you to be still
It is as though you are absent
And you hear me from far away
And my voice does not touch you
It seems as though your eyes had flown away
And it seems that a kiss had sealed your mouth
As all things are filled with my soul
You emerge from the things
Filled with my soul
You are like my soul
A butterfly of dream
And you are like the word: Melancholy

I like for you to be still
And you seem far away
It sounds as though you are lamenting
A butterfly cooing like a dove
And you hear me from far away
And my voice does not reach you
Let me come to be still in your silence
And let me talk to you with your silence
That is bright as a lamp
Simple, as a ring
You are like the night
With its stillness and constellations
Your silence is that of a star
As remote and candid

I like for you to be still
It is as though you are absent
Distant and full of sorrow
So you would've died
One word then, One smile is enough
And I'm happy;
Happy that it's not true

the working man



This is the first day of my life
Swear I was born right in the doorway
I went out in the rain, suddenly everything changed
They're spreading blankets on the beach
Yours is the first face that I saw
I think I was blind before I met you
Don't know where I am, don't know where I've been
But I know where I want to go

So I thought I'd let you know
That these things take forever, I especially am slow
But I realized that I need you
And I wondered if I could come home

I remember the time you drove all night
Just to meet me in the morning
And I thought it was strange, you said everything changed
You felt as if you'd just woke up

And you said, "This is the first day of my life
I'm glad I didn't die before I met you
Now I don't care, I could go anywhere with you
And I'd probably be happy"

So if you want to be with me
With these things there's no telling
We'll just have to wait and see
But I'd rather be working for a paycheck
Than waiting to win the lottery

Besides, maybe this time it's different
I mean I really think you like me

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Tem quem ame com a boca
Palavra na ponta da língua
Que deixa escapar pelos dentes
Querer da vontade, doente

Tem muito desse amor

Desse amor que evapora na pele
amor que que mancha, que fere
A colcha, o trouxa, há muito
Desse amor, minúsculo

Que roça, que mente, muito

Tem quem ame de fora
Que feche a porta, que fique dentro
Só palavra, sem tinta
Sem cheiro, cor não há

amor insípido, não é amar

Covardia é o oposto de meu bem
Gosta mal, pouco, alguém
Que ama assim, desse querer
Gosta si, de mais ninguém

 amor-próprio, óbulo do medo

Entretanto, para toda via 
Há um outro caminho

Há quem goste como o sol
Que acorda de manhã cedo
E diz bom dia para todo mundo
Que fez a si a gentileza
De dormir sim, porém
Sem cortina

Há quem goste como quando é de noite
No escuro, debaixo da coberta
Espanta o frio, espanta o medo
Abraça apertado, beija na testa
E depois faz um carinho
Que não deixa ninguém dormir

Há quem goste como a tarde
Quando o sol namora com a lua
Morninho, cheio de risinho 
E cosquinha de astro grande
Gente nua brilhando no céu, junto
Que o único despudor que existe
É essa nudez árida
Coração terra-de-ninguém.

Gostoso é gostar assim
Como quem fabrica as horas
E tece o calendário com flores
Bem-me-quer de pétalas infinitas

E é assim que eu gosto de você.

Não gosto com corpo, gosto com a boca
Que diz a palavra que antecede a hora
Do dia que nasce, quantas vezes for preciso
Para mim e para você

Não gosto pouco, e durmo muito
Só porque noite não respeita métrica
E tudo fica pertinho e quentinho
Como um abraço de meu bem querido

Gosto tanto e tão, que mesmo no frio
- Resquício do que não era março ainda -
Não sinto medo, porque mesmo errado
O que sinto é certo

Gosto de ti, gosto sim e como
E vou continuar gostando sempre
E que isso sirva de aviso e bandeira
A me guiar pelo caminho

Gostoso é gostar de ti, e ser o sol
E dormir contigo, lua,
Na colcha, do teu lado, mão boba
Fazer um ou dois verões, por dia!

Gostoso é gostar assim.
Porque tu me eu em ti.

Gostoso é gostar assim.
Gostoso é te amar, enfim
Gostoso é poder estar
Aqui

Aqui
Bem
Aqui.

call of wild


"Hail Lady of the Lake and the Merlyn of Britain,
Ancestors of those who follow the path of the
Order of the Northern Way. I summon and stir thee!
Come and be welcome in this holy place."


eu não tenho medo de ti. não, não tenho. por muito tempo me esquivei do teu grito gutural, dessa tua boca aberta, desse teu urro ancestral, por perder muito tempo por não entender esse teu jeito antigo de educar. quantos anos demoraram até eu conseguisse erguer o peso de tudo que ficou sob minhas patas, por quanto tempo o meu focinho foi curto demais e meus olhos tinham aquele cansaço de quem corre de noite e dorme de dia? hoje não, hoje não tenho mais medo de ti, e por isso eu ando descalço e encaro o norte que me chama. ando como fera, farejando o ar que me denuncia essa tua presença de bicho velho, desse teu olho que sente o meu cheiro. com passos firmes cravo as garras na carne dessas tuas árvores. tu me chamaste, sempre me chamou. hoje eu estou aqui e vim como quem vem para fazer uma toca.

tenho nada nas mãos minha senhora, nada, nem mesmo o ferro velho que me fazia sentir unicórnio entre asnos filhos do rei. tenho nada, nem mesmo a roupa tecida pelas mãos daqueles que me viram sair com a esperança de tirar a esperança de outros tão pobres quanto eu. tenho nada minha senhora, nem mais aquela benção dada quando me ajoelhei na tua pedra e pedi que iluminasse o meu caminho unicolor. não tenho o olhar do velho que, com a mão no meu ombro, quis me falar de tempos antes daqueles tempos em que a sabedoria morava no sol, não no tilojo. não tenho nada minha senhora, não tenho nada. e é nessa miséria daquilo que pensava ter que hoje cheguei aqui depois de tantos séculos, depois de tanto tempo longe da minha tribo. chego para encontrar tudo diferentemente igual: a mesma pedra, as mesmas árvores, o mesmo sol. chego, e tudo que tenho são as cicatrizes do que não entendi bem o que era. 

só voltei porque nunca consegui dormir sem sonhar. de tanto matar sem morrer eu comecei a imaginar que talvez a morte não existisse para mim, que talvez ela não existisse para ninguém, e foi quando lembrei do velho e da sua mão calejada, testemunho do tempo. se a morte não existia, os anos se passavam, e cada dia longe foi como se um abismo de sal e terra pisada se abrisse entre mim e aquele tempo que eu era pequeno e feliz por ser assim. minha senhora, só voltei quando eu lembrei do velho, só voltei porque não tinha mais nada e tive medo de que a única coisa que me restava - a lembrança de um tempo - se afogasse no grito da garganta molhada daqueles que rasguei com meu chifre.

eu hoje em dia tenho uma barba que é a medida da minha ignorância. o ferro velho eu atirei de cima precipício para não atirar a mim mesmo: senti alívio ao roçar o osso minha cabeça na pedra até quando a memória do outro tempo se esvaiu em sangue de membro amputado. na distância eu me libertei do medo do estar perto de ti. foi nesse dia, que dormi na beira de um mar mais quente, que senti tua voz me chamando, o grito do norte. teu urro ecooooou longe nas encostas da terra que amaldiçoamos com nossa insanidade nada pagã. eu não tive mais medo de ti senhora, água, pedra, espírito. e foi quando eu decidi voltar e aceitar a tua reprimenda e esse teu jeito de me ensinar, que é antigo.

cheguei ontem e por muito tempo estive aqui olhando a fronteira invisível do teu domínio em mim, esse fascínio que atravessou minhas vidas e sempre me falou de uma terra que também sou eu. de onde mais poderia vir esse meu gosto pelo frio senão desse teu mar gelado e doce que beija tuas encostas, pedras despretensiosas que nunca se disseram barreira de nada? o meu amor pelo lamento desse vento, minha gaita-maior? o meu gosto pela música dedilhada aquecida pela fogueira imorredoura de tuas achas-mártires de nossa alegria? foi contigo que eu aprendi a rir esse riso que hoje é o testemunho de que me curei das coisas que me faziam triste. foi contigo que eu aprendi a ficar nu antes de me vestir. e foi no meio de ti que eu recebi meu nome e a certeza de comungar e fazer parte do culto do universo, o culto da vida: foi em tua floresta que aprendi e pela primeira vez respondi ao teu chamado, o chamado do selvagem.

eu não tenho mais medo de ti. tu és minha senhora e eu sou feito de instintos. minha carne sangrou aqui a primeira vez e é aqui que quero que ela sangre por último. aqui quero ser enterrado e que minha lápide seja larga e responda pelo nome que se dá para planta alta. eu voltei minha senhora, eu voltei para correr nu de novo, nunca mais quero ser vestido com o hábito que não seja verde como teus olhos. voltei para pedir teu perdão e voltei para me perdoar. voltei para te encontrar e para me encontrar. voltei e peço que me chame de filho mais uma vez e que me inicie no segredo antigo da religião da terra.

hoje eu estou aqui e meu nome não se pronuncia. nu eu cultuo o chão que piso e tenho um cabelo numa trança que é a medida da eternidade que me cabe, minha barba é o enfeito de meu sorriso. hoje eu estou aqui e o meu nome nada significa. eu sou filho da cruz-mais-antiga, sou feito do sol. orgulho celta, minha mãe-terra fez-me druída.

orgulho da terra, filho do sol, druída. 
mãe dos celtas, mãe da terra da terra e do sol
mãe dos celtas, de todos nós
a Deusa, múltipla e única
a Deusa, mãe e querida

Eu te cultuo minha mãe. Hoje não tenho mais medo de ti.
Voltei, não tenho mais medo de ti.


On the space say:
I bind unto myself today the
Comradeship of all Earth Spirits



- Voltei

anti-mimimi


estamos doentes, todo mundo sabe disso. pai violenta a filha, o carro passa por cima do cachorro, a rua que é o lugar do público é outdoor do banal. todo mundo ri, todo mundo acha graça de alguma coisa, mas fechado em casa, sente o peso opressivo da verdade de estar sozinho. tá todo mundo sozinho porque ninguém tem coragem saber ficar só, e acaba buscando o que não tem em quem já não tinha nada para oferecer. é tudo rápido, é tudo facinho facinho. ninguém se liga, ninguém manda oi, camisinha virou item obrigatório em todo contato social, porque contato hoje em dia significa trocar fluído e não mais que isso. todo mundo se come, ninguém dorme. todo mundo fica acordado de noite, cansado de dia, cansado da vida. uns se jogam na frente de trens, outros atiram os corações para cima para ver no que dá. tá todo mundo assim, tá todo mundo pela metade. é todo mundo regra, procurando pela exceção.

falo do mundo porque é nele que pensei hoje. o mundo. séculos atrás o mundo era um quintal menor, hoje em dia ele é redondo, que é sinônimo do infinito. para constatar isso, basta caminhar: dá sempre no mesmo lugar. o que mudou foi nossa forma de dizer o que a gente não entende bem. hoje tem ciência escorrendo da lava-loiça, lavando o resto de comida do século que passou. ciência sempre vai ser isso meu bem, ela sempre vai lavar a roupa suja do mundo. ficou doente? toma pílula. ficou grávida? toma pílula. ficou triste? toma pílula. ficou com alguém? toma pílula para não ter que tomar a outra pílula que já falei. para não tomar resolução a gente toma medicação. e assim a gente vai tomando... tomando...

o totem hoje é de aço, vidro e tem fios por dentro que deixa tudo aparentemente mais colorido. bonito pros olhos, mas os ícones modernos são o inverso de Platão: são despojados de qualquer universalismo. há quem diga que esse é o preço da cultura, há que diga que desencantar é natural no processo de ficar sabido. mas quando se olha para o lado se vê que a gente sabida é a mais doente. sinceramente é difícil de entender a sabedoria em se ser infeliz.

não é o caso de jogar tudo para o alto, junto com o coração. não é o caso de começar a fazer o cumê no fogo e amarrar o Bartolomeu Bueno lá na praça da Sé. não. tem algo de errado acontecendo sim. tá todo mundo doente, e um sinal disso é esse riso frouxo com tudo que parece diferente. riem sapiens, o homo. céus, com que moral se ri dos de ontem? "a mesma mão que segurava a clava é que a aperta botões e lança mísseis". selvagens? onde? aqui?

tá todo mundo dodói. a cabeça vai mal, o coração tá pior. não tá tudo bem, tá obrigado, mesmo. mais se sobrevive-se do que se vive de fato. e aí? e agora Joseph?

sei que tá esperando, mas não, a história de hoje não tem conclusão. por que? perca de tempo dizer. você sabe muito bem o que tá errado não sabe? você lembra do que fez e do que não fez. você acorda todos os dias mais espertinho(a) do que no dia passado, então, para que ficar te lembrando das coisas? quer primavera, formiguinha? trabalhe que o inverno passa mais rápido. passa a mão no telefone, liga para aquele coração, pega naquela mão ou simplesmente não faça tudo isso consciente de que é a melhor forma que tem de respeitar aquele alguém. na vida determinadas coisas não tem remédio: pá, pum, morreu papai. agora, uma boa dieta e exercícios, dizem, ajuda a fazer o bem. ajuda, porque quem faz é você.

poupemo-nos do mimimi e do xorôrô. quando te ligar, responde. se não ligar, manda um oi mesmo assim, que gostar é o exercício da teimosia do coração tranquilo. vai lá fia, LUTE! o resto a vida se encarrega, possas crer nisso.

depois de fazer isso, dá uma ligadinha e me fala se não acordou BEM melhor no outro dia.

xêro

Men of Science



- And you don't know much about science, do you?
- I know something about history. I know when I'm being threatened.
- :)

O Medo do Sagrado


"In archaic and traditional societies, the surrounding world is conceived as a microcosms. At the limits of this closed world begins the domain of the unknown, of the formless. On this side there is ordered - because of inhabited and organized - space; on the other, outside this familiar space, there is the unknown and dangerous region of the demons, the ghosts, and the dead and foreigners - in a world, chaos or death or night. This image of an inhabited microcosm, surrounded by desert regions as a chaos or a kingdom of the dead, has survived even in highly evolved civilizations such as those of China, Mesopotamia and Egypt." (Mircea Eliade - Images and Symbols, 1952)

O "medo do sagrado" nada mais é que o medo do espaço desorganizado, o anti-totem mauss-durkheimiano. Muitas pessoas reclamam de querer contatos, de provas de algo para crer. Todavia, a vivência do macrocosmo, ou a experiência do sagrado enquanto locus e sujet portador de todo o discurso sobre o real (o real enquanto fenômeno do sagrado) passa por esse entendimento da estreiteza, dos limites do microcosmo que cada ser arquetipicamente constrói para si mesmo como ferramenta de consolidação da identidade, e na qual se escraviza por medo de qualquer desconstrução redunde em uma insegurança que atinja estruturas do "falso-sagrado" em si. Ver espíritos, entender runas, ler os astros como os Caldeus, meditar, ou seja, qualquer experiência extra-sensível exije o "sacrifício do intelecto". Não como os estudiosos de orelha de livro do Max Weber entendiam, mas como para os leitores do último Bourdieu: conhecer (pelo corpo, ou não) é uma experiência multifária, complexa e multidisciplinar. A razão nem sempre tem razão.

"I practiced for many years [the] exercise of recapturing that epiphanic moment, and I would always find again the same plentitude. I would slip into it as into a fragment of time devoid of duration—without beginning, middle, or end. During my last years of lycée, when I struggled with profound attacks of melancholy, I still succeeded at times in returning to the golden green light of that afternoon. [...] But even though the beatitude was the same, it was now impossible to bear because it aggravated my sadness too much. By this time I knew the world to which the drawing room belonged [...] was a world forever lost. (Mircea Eliade - Autobiography, in Ellwood, p.98-99)
Conta-se no Zen-Budismo que um PhD procurou um lama para uma conversa. Chegou, sentou-se e, antes de qualquer pergunta, começou a versar sobre o que tinha estudado e aprendido, numa espécie de "introdução à minha pessoa". Enquanto falava de si, o lama lhe servia chá em uma xícara. Enquanto o doutor ia falando, e continuava a falar, o lama continuou no seu trabalho de lhe encher a xícara, até um momento que o chá começou a transbordar. O representante da academia parou, e depois de notar que o lama continuava a colocar chá, mesmo transbordando, gritou para ele "PARE! NÃO ESTÁ VENDO QUE ESTÁ CHEIO JÁ?" No que foi respondido pelo lama: "Sim, assim como você: para aprender algo sobre o budismo, você vai ter que se esvaziar primeiro".

Todos nós temos o momento da vida que buscamos o "eterno retorno" mas ainda nos sentimos presos ao "terror da história": tudo isso herança cultural de nossa educação e do costume de sempre repetir, de dar sequência aos ritos ocidentais de passagem para a Idade-da-Razão. Fitoterapia? Menos Platão, e mais chá... mas sem derramar. 

Vênus em Escorpião: O vídeo.

Vênus em Escorpião: Um Manual



Teve um dia que você foi dormir e acordou com uma certeza deitada do teu lado da cama e que disse bom dia levantou foi fazer o café e quando você desceu viu ela sentada na cozinha lendo o jornal com cara de sempre tô por aqui.com é isso mesmo tá estranhando o que misturado com um sorriso de canto de boca que você não sabe de onde mas sabe que é assim mesmo o café tá sem açucar adoçante não obrigado pão com presunto mesmo tô atrasado pro serviço mas acaba ligando e desmarcando os compromissos porque ela tá ali e se deu todo esse trabalho não custa nada é um dia só alô chefe tudo bem estou com uma gripe acordei indisposto e com peso extra na cama não sei acho que foi alguém que eu comi vai saber não sei só sei que tô meio assim mesmo tá certo amanhã eu fico até mais tarde meu relatório tá pronto sim passar bem e quando desliga o telefone ela faz um comentário inteligente que soa dentro da tua cabeça como uma revelação com sabor de hierofania diária ela é bonita papai que vontade de morder é tudo que você responde para ela com os olhos porque ela é como aquele trecho do discurso do Obama que ela mandou pendurar no teu sonho que era ontem porque hoje é ela dessa materialidade de presentinho de Zeus que se levanta sai da cozinha senta na sala e fica ali com jeito de almofada onde você coloca a cabeça e se pergunta quanto foi o jogo de ontem mas ela já sabe a resposta porque viu naquele jornal que ela tava lendo e você não porque você não tinha tempo para essas coisas até redescobrir ela numa dessas páginas que o vento da vida sopra da mão teimosa que gosta de ficar procurando aforismo em conversa velha coisa chata não dá de entender mas a gente faz e por fazer acaba sendo besta mas dia vem que acorda com a certeza do lado como falei e tudo muda inclusive o endereço da tua correpondência que agora é rua Sr e Sra tudo junto falta só o coraçãozinho no meio o correio não deixa o srsra vai me desculpar mas eu entendo amor tem dessas coisas chegou o cd com a musica toca no som é Vinícius dizendo que tua a vida é arte do meu encontro, enquanto, encanto, entre, sempre

Você fez esforço nenhum de esbarrar em mim e não pedir desculpas precisou de menos de dia para ir embora e mais de ano para voltar sei lá tava onde eu não sei demorou eu achei na época que fosse nada demais fiquei ali brincando de metade com os outros durante o tempo que não era você coisa chata vou te falar porque eu vou te falar peraí tô pensando calma eu vou te explicar direitinho porque li teu mapa e lá diz olha toma cuidado que ela é assim mesmo tudo bem eu sei que você é o que é mas quem não gosta de um xamego é bobo e boba você não é que te acho bem esperta tanto que no meu sonho quando ainda não era você eu sempre recitava aquele poema difícil pedacinho dele só para te ouvir dizer o resto e eu ria bobo porque tinha encontrado meu poema metade que é complicada pra cacete vou te falar meu amigo que trabalho ela me dá ela eu digo que gosto ela reclama eu digo que quero bem ela quer saber porque eu abraço ela pula eu beijo ela eu só assim vou te dizer adoro arredia selvagem delicada profunda única preciosa valiosa feita à mão esculpida por papai meu chapa e mamãe minha querida grato que sou como grato devia ser todo mundo a quem te dá um presente que dura o natal que dura a tua vida, toda, com, ela, sempre

Era isso que tinha para te dizer e não encontro jeito melhor que não seja assim e também acho mais coerente até pra evitar burburinho de final de aula eu tenho vênus em escorpião gosto demais gosto muito gosto verticalmente dentro e quando a coisa vem vem assim mesmo atropelada tomando espaço e me despertando do sono que era e não era com você é que eu sei que tá tudo bem obrigado com açucar sal e os gols da rodada só golaço que 0x0 só acontece em partida de mentirinha quando nenhuma das partes parte para o ataque fica aquela retranca eu não sei você tá por lá eu tô por aqui vamos com calma no dos outros que pros meus olhos encrenca pouca é bobagem gosto do difícil mesmo, gosto de você, mas

Se está difícil acompanhar, tudo bem: vamos com calma. Pingo aqui, pingo ali, pingo no ï que precisar. Falei de mim mas sei quem tem o ti aí. A certeza é minha amiga, e eu sou o seu. Minha amizade vem junto no mesmo pacote das coisas sentidas. Eu me conheço e não conheço outro jeito que gostar que não seja a sinceridade radical da notificação da entrega da alma. Eu a partir de hoje não respondo mais pelos exageros, somente pela prática consciente do afeto totalmente desmedido. 

Mas se mesmo assim estiver difícil, vamos lá prestar o respeito à astrologia:

Eu te amo, Querida.


E isso é tudo.

Salve Jorge



Eu avisei, em outro momento, que o mundo é redondo, nada oco, com recheio de terra e tinta azul. Disse também que longe é sinônimo de não tardo, que tô logo ali, basta dormir. Alertei para a incoerência de achar tudo sem querer dar nada, de não esperar e querer que eu volte. Falei do que tinha dentro, do que via fora, e até do que não entendia. Fiz macarrão de madrugada para esperar que chegasse a musa daquilo que queria te dizer. E apesar de tanta cerimônia, e falta dela, você não acreditou... e agora, depois do fantasma a certeza: no more talk of darkness.

Só quem abraçou um timão sabe da alegria de dia de verão. Só quem viveu anos no escuro de si mesmo aprende a valorizar a luz que chega no sorriso que cruza o mar. Só quem ficou surdo de tanto que gritou aprecia o silêncio macio que ecoa na tua voz, cotonete do túnel da alma. Ter-te, mesmo que em esperança, sinônimo de futuro, é melhor que brigadeiro, ou lagosta. Como é bom todos os dias não ter certeza de nada, desse mistério de óleo de linhaça que banha o que está por vir. Mil vezes a ignorância de amanhã, com o seu susto de estou chegando, do que essa falsa alegria do lá e aqui. Não me resta nada agora, a não ser sorrir, com esse sorriso bobo de quem vê a porta se abrir sozinha.

Não é o momento de falar da minha luta, do meu sangue, da espada nua e da calçada. Não é mesmo momento de cantar o Bojador, nem mesmo rir da dor. Não é a hora de parecer soberano, de rir do encanto do "eu te disse". Naaaada disso. Eu quero mesmo é ficar calado, nesse quietismo estético de terceiro andar. Eu me contento com a janela aberta, com o vento e com o inverno que, subitamente,  deixou de ser frio. Tudo que quero é pingar café no jornal, e nesse espetáculo de gota escura, prestar minha reverência ao não dito, ao ainda não vivido, e ao que está por aí, que apesar de aportar em duas semanas ou três, ainda é caminho.

Seria incoerente pensar diferente agora, eu que gritei junto como velho no Restelo: Trípoli acabou se mostrando meio pedaço de chão entre onde estou e o de onde vieste. E para todo mundo que me esperava Marco Polo com a bolsa cheia de fogo de artifício, eu acabo sendo um embuste: eu gosto mesmo é de fitar o mar, de preferência de noite, quando ele tá quentinho. 

Não, eu não abandonei o exagero, mas guardo ele para a hora certa: mão na outra, cabelos e o enterro da palavra. Sou Alexandria por dentro, farol-em-olho de tua embarcação. Mas dessa luz suave de cobertor grande em cama pequena para nós dois: não discrimina nem mesmo dedo mindinho, por miudinho que seja.

Cá estou e esse meu ofício: sigo vigia.  Semanas para a promoção e tudo o que tenho a dizer aos colegas de profissão é meu muitíssimo obrigado. Mas agora, com vossa licença e a benção de Jorge, en sha Allah, vou em frente.

Salve!

Mais uma Canção


The weight of the world
is love.
Under the burden
of solitude,
under the burden
of dissatisfaction

the weight,
the weight we carry
is love.

Who can deny?
In dreams
it touches
the body,
in thought
constructs
a miracle,
in imagination
anguishes
till born
in human--
looks out of the heart
burning with purity--
for the burden of life
is love,

but we carry the weight
wearily,
and so must rest
in the arms of love
at last,
must rest in the arms
of love.

No rest
without love,
no sleep
without dreams
of love--
be mad or chill
obsessed with angels
or machines,
the final wish
is love
--cannot be bitter,
cannot deny,
cannot withhold
if denied:

the weight is too heavy

--must give
for no return
as thought
is given
in solitude
in all the excellence
of its excess.

The warm bodies
shine together
in the darkness,
the hand moves
to the center
of the flesh,
the skin trembles
in happiness
and the soul comes
joyful to the eye--

yes, yes,
that's what
I wanted,
I always wanted,
I always wanted,
to return
to the body
where I was born. 




- Allen Ginsberg

Dejà Touché


Eu queria saber um jeito mais simples de complicar as coisas, de contar para 2009 tudo que contei para 2008. De dar risinho de banda, de apagar nome do celular. De deletar o orkut, msn, escrever carta à mão e só assinar recibo. De não aparecer em foto nem saber nome de monumento. É... queria isso tudo sim, e queria desse querer que a gente tem por ficar confuso quando pensa em ti.

Tô loco não fia. Antes eu fosse frase feita, punho do Machado. O problema (porque para a física moderna, ainda é um problema) é esse tal do te-querer-bem. Explico: tô gostando de ti pra caraças, tais a saber? O problema (ele, ainda) nem é esse (não?), o problema (ah..) é que isso é verdade de quadro-negro: fica lá, quase fórmula, variável, noves fora. Sem problema (hã?), pensei comigo, rasgo a toga, tiro a roupa, me jogo na cama e faço peso em cima de ti, 83 kgs de verdade nua e crua: eu te amo. Legal é assim, porque quem cuida, sua. Mas aí, vi que o problema (dela?) não era falta de giz, nem de roupa, mas de boca: quem tem, vai, ou devia ir, ao menos, mais.

Marcha-ré na caravela, dos panos não bebo os vinhos, foimaussouromano.com. Sim meu bem, sou total a favor do desassombro, e não me impressiono com filosofia de parquímetro. Tô aqui mesmo, e aqui não é nada mais que esse lugar que me elegeu para me dizer algo que eu ainda não escutei porque confundia letrinha. Distância é mentira de olho, que é redondo mas não tem essa sabedoria de bola, que é o mundo. 

Por isso, foi só não escutar tua voz, foi só tu me dares o ensejo de praticar a imaginação (essa vilã, sede da metafísica), que num passe de mágica coração saiu nadando. Nada enxuto foi se esparramar ao teu lado. Escutou o cheiro das tuas palavras, anotou o gosto do teu "querido" e veio de volta em vôo fretado, que tá frio, dá licença, inverno aqui é coisa séria. Chegou rindo e tá até agora ali no sofá, com jeitinho de almofada de veludo.

Mas, apesar de não pesar, tens essa tua mania esquisita de matéria obrigatória: estatística aplicada ao que criatura? Sejamos irrazoáveis s'il vous plaît. Quando não é isso, é essa coisa de verão em Harvard: sempre um riposte, sempre um deboche no gramado das pequenas coisas que eu plantei para a gente rolar por cima. Tudo que eu queria era pensar em leite quente, lua, nua. Tu achas divertido ficar brincando com brincadeira séria. Confabula sozinha, faz tabuada, e depois de se confundir todinha com o simples, volta para casa sozinha, confia no tempo (pouco) e fica me dizendo louco, eu, logo eu que não faço a mínima questão de tanta questão.

Pensar em ti é uma das partes boas do dia, tanto que em vez de descer em picadilly fui bater lá depois de green park, que eu achava ser a porta da tua casa, cemitério do tá longe. Penso com a parte boa das tripas, e com as danadas também, que sou filho de plutão, aqui tá frio, pensar esquenta, dá licença, obrigado. 

O que me resta por agora é isso. Sei que achas um tanto de coisas de mim, mas isso tudo é porque não encontraste em mim o que, em verdade, está contigo. Não tenho nada melhor para oferecer senão meu respeito, meu carinho e minha adoração silenciosa. Como mármore velho, eu só pareço estar fitando o nada. Tenho você aqui, e apesar de morena, vou te dar essa chance.

No mais, dê um abraço no futuro quando o ver de novo. Aproveite e dê também um beijo, uma banda e uma cama: eu vou adorar.

Xêro e até daqui a pouco.