Dejà Touché


Eu queria saber um jeito mais simples de complicar as coisas, de contar para 2009 tudo que contei para 2008. De dar risinho de banda, de apagar nome do celular. De deletar o orkut, msn, escrever carta à mão e só assinar recibo. De não aparecer em foto nem saber nome de monumento. É... queria isso tudo sim, e queria desse querer que a gente tem por ficar confuso quando pensa em ti.

Tô loco não fia. Antes eu fosse frase feita, punho do Machado. O problema (porque para a física moderna, ainda é um problema) é esse tal do te-querer-bem. Explico: tô gostando de ti pra caraças, tais a saber? O problema (ele, ainda) nem é esse (não?), o problema (ah..) é que isso é verdade de quadro-negro: fica lá, quase fórmula, variável, noves fora. Sem problema (hã?), pensei comigo, rasgo a toga, tiro a roupa, me jogo na cama e faço peso em cima de ti, 83 kgs de verdade nua e crua: eu te amo. Legal é assim, porque quem cuida, sua. Mas aí, vi que o problema (dela?) não era falta de giz, nem de roupa, mas de boca: quem tem, vai, ou devia ir, ao menos, mais.

Marcha-ré na caravela, dos panos não bebo os vinhos, foimaussouromano.com. Sim meu bem, sou total a favor do desassombro, e não me impressiono com filosofia de parquímetro. Tô aqui mesmo, e aqui não é nada mais que esse lugar que me elegeu para me dizer algo que eu ainda não escutei porque confundia letrinha. Distância é mentira de olho, que é redondo mas não tem essa sabedoria de bola, que é o mundo. 

Por isso, foi só não escutar tua voz, foi só tu me dares o ensejo de praticar a imaginação (essa vilã, sede da metafísica), que num passe de mágica coração saiu nadando. Nada enxuto foi se esparramar ao teu lado. Escutou o cheiro das tuas palavras, anotou o gosto do teu "querido" e veio de volta em vôo fretado, que tá frio, dá licença, inverno aqui é coisa séria. Chegou rindo e tá até agora ali no sofá, com jeitinho de almofada de veludo.

Mas, apesar de não pesar, tens essa tua mania esquisita de matéria obrigatória: estatística aplicada ao que criatura? Sejamos irrazoáveis s'il vous plaît. Quando não é isso, é essa coisa de verão em Harvard: sempre um riposte, sempre um deboche no gramado das pequenas coisas que eu plantei para a gente rolar por cima. Tudo que eu queria era pensar em leite quente, lua, nua. Tu achas divertido ficar brincando com brincadeira séria. Confabula sozinha, faz tabuada, e depois de se confundir todinha com o simples, volta para casa sozinha, confia no tempo (pouco) e fica me dizendo louco, eu, logo eu que não faço a mínima questão de tanta questão.

Pensar em ti é uma das partes boas do dia, tanto que em vez de descer em picadilly fui bater lá depois de green park, que eu achava ser a porta da tua casa, cemitério do tá longe. Penso com a parte boa das tripas, e com as danadas também, que sou filho de plutão, aqui tá frio, pensar esquenta, dá licença, obrigado. 

O que me resta por agora é isso. Sei que achas um tanto de coisas de mim, mas isso tudo é porque não encontraste em mim o que, em verdade, está contigo. Não tenho nada melhor para oferecer senão meu respeito, meu carinho e minha adoração silenciosa. Como mármore velho, eu só pareço estar fitando o nada. Tenho você aqui, e apesar de morena, vou te dar essa chance.

No mais, dê um abraço no futuro quando o ver de novo. Aproveite e dê também um beijo, uma banda e uma cama: eu vou adorar.

Xêro e até daqui a pouco.

2 Comentar?:

Lôra Flor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

como eu disse que aconteceria acordei atrasada.
esse post me lembrou essa música do los hermanos: http://br.youtube.com/watch?v=mvH9dRVQ1zk

me lembrando de colocar isso aqui nos favoritos, senão só venho quando tu bota no msn.

beijo.