Oh! teaser love



as coisas acabam, acabam sim. acabam desse acabar de busy call, modo silencioso, de te evitar na festchinha, de conversar com tua amiga mas não contigo. acabam de tomar pílula de invisibilidade, de andar de moonwalker pela madrugada afora, rewind no pneu do teu carro, criando descaminho e descabido, e por mais que tu fiques moooooorta de indignada... acaba filha, acaba desse acabar.

o mérito não é só teu. é teu e do teu jeito, e do meu também que não tem nada a ver com o teu. coisa da crença e a boa vontade que nasce dessa crença, que é fruto da teimosia de quem tem berço, pai e mãe bem casado, filhos criados, boa nota na escola: ahhh, o que seria do livro de cabeceira se não existisse um tanto de romantismo no mundo? se a vida é espada, é pena também, e a sentença do desaviso é essa raivinha boba e injustificada de eterna adolescência. e contra isso, só o remédio amargo de ficar nua na frente do espelho e chorar aquele choro que só vem quando a raiva passa e a saudade chega e tu te recordas como era bom ter alguém com quem ser infantil e tola: o sofá vazio não reclama de ti quando você muda de canal.

mil coisas devem passar pela tua cabeça todos os dias, e para todas elas tu tens a resposta de ficar de bico. o lance é que, de longe ou de perto, eu não ligo! esse número já foi bem ensaiado por gente antes de ti, e eu mesmo fiz o favor de ser palhaço no picadeiro das coisas que me competem, quando devia ter tido a dignidade de dizer "já vou tarde". eu tinha essa mania de me achar guerreiro quando era apenas um desses cachorros pequeninos que acham que cravar o canino em algo lhe dá direito eterno de posse e usufruto. com o tempo meus outros dentes cresceram, e também caíram, e assim roer osso deixou de ser um esporte, e se tornou ocasião.

por isso eu largo tua canela, e no lugar dela me dou o mundo. eu abro a janela e vejo aquela bola laranja no céu (G, na música) que religiosamente se coloca sobre a minha cabeça e me queima o que resta das teimosias de antanho, tu inclusa. e ao dizer tudo isso, espero que você experimente a satisfação de ter estado certa o tempo todo: ao final, o teu pessimismo, desconfiança et caetearas congêneres são os vencedores. e como vencedora e mulher independente que é (sempre foi, lembra-me uma das vozes que andam pela tua casa) agora és duplamente livre, porque não me tens mais a arranhar o canto dos teus (i)móveis, nem a roer de criticismo os teus sapatos, ou melhor, teus tênis, aos quais jurei perseguir eternamente.

ao fim, quero que saiba que não digo tudo isso por raiva de ti, nem que eu ando por aí te evitando porque tenho 18 anos. não, na verdade eu experimento uma gastura de tudo que houve, do acontecido, sucedido, e também do não dito, omitido e mal falado. não tenho nada contra tua pessoa, mas de chatice já basta a que eu me auto-imponho todos os dias, no exercício de ser eu mesmo. não quero ser cruel também, mas a licença que tenho da poesia me dá essa liberdade de escrever só para que tu entendas: para o resto do mundo, tu não passas de lirismo. fique tranquila.

um recado? claro! e um obrigado também! obrigado por me mostrar o tanto de coisa errada que tenho que consertar comigo ainda, o tanto que eu posso me violentar me colocando em situações que claramente estão contra mim desde a segunda hora (a primeira, tu o sabes, tenho nada o que reclamar!) obrigado por ter despertado em mim um senso de dignidade e a calma de saber que a pessoa certa para a gente é a pessoa que reflete o momento que vivemos. por isso, mea culpa também querida: tudo que eu disse acima para ti, se aplica para mim, porque tu estavas ali apenas refletindo os raios que emanam do prisma que eu descolori por cinismo e falta de fé em mim mesmo.

agora eu corro de você, e você, claro, corre de mim. eu não estou em nenhum tipo de jogo contigo, eu apenas estou tomando um rumo diferente para mim, minha vida. daqui a pouco você me esquece para sempre, e no futuro eu vou ser apenas um daqueles carinhas que se fala mal pro então-amor. eu estou em paz com isso, e fique à vontade para confidenciar as minúsculas parcelas daquilo que me torna enormemente pequeno. mas fique fria que da minha parte eu só carrego o que de grande você me trouxe, porque eu posso estar sendo grosseiramente sincero agora, mas não sou ingrato.

fique bem, que ao contrário dessa música que triste ou acertadamente foi nomeada como "nossa", nenhuma lágrima você me fez derramar, pelo contrário, guardo com muito carinho as gargalhadas sonoras que dei contigo. anos e anos que eu não me divertia e RIA com uma mulher assim (como você)....

but i'm sorry, i don't pray that way

Not (ever) to be (next)



Naked as sin
an army towel, covering my belly
Some of us weep, some of us howl
Knees turn to jelly
But Next! Next!
I was just a child
A hundred like me
I followed a naked body
a naked body followed me
Next! Next!
I was just a child when my innocence was lost
in a mobile army whorehouse
a gift of the army, free of cost
Next! Next! Next!
Me, I really would have liked a little bit of tenderness
Maybe a word, maybe a smile, maybe some happiness
But Next! Next!
Oh it was not so tragic
and heaven did not fall
But how much at that time
I hated being there at all
Next! Next!
I still recall the brothel trucks, the flying flags
The queer lieutenant slapped our arses
thinking we were fags
Next! Next! Next!

I swear on the wet head
of my first case of gonorrhea
It is his ugly voice that I forever fear
Next! Next!
A voice that stinks of whiskey
of corpses and of mud
The voice of nations
the thick voice of blood
Next! Next!
Since then each woman I have taken into bed
they seem to lie in my arms
and they whisper in my head
Next! Next!

All the naked and the dead
could hold each other's hands
as they watch me dream at night
in a dream that nobody understands
and though I am not dreaming in a voice
grown dry and hollow
I stand on endless naked lines of the following and the followed
Next! Next!

One day I'll cut my legs off
I'll burn myself alive
I'll do anything to get out of life to survive
not ever to be next
Next! Next!
not ever
to be next, not ever...................

pétala (com acento)



somewhere i have never traveled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously) her first rose

or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens;only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands



e.e.cummings (via mari messias)