Alembojador (Depois do Mar)



Cuidas, Ínvio, que cumpres, apertando
Teus infecundos, trabalhosos dias
Em feixes de hirta lenha,
Sem ilusão a vida

Cuida-te,

Segue o teu destino,
Rega as tua plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias

A tua lenha é só peso que levas
Para onde não tens fogo que te aqueça,
Nem sofrem peso aos ombros
As sombras que seremos


sendo mais.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nos somos sempre
Iguais a nós-próprios

Para folgar não folgas; e, se legas,
Antes legues o exemplo, que riquezas,
De como a vida basta
Curta, nem também dura



Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Pouco usamos do pouco que mal temos.
A obra cansa, o outro não é nosso.
De nós a mesma fama
Ri-se, que a não veremos.

a pergunta,

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.


Quando, acabados pelas Parcas, formos,

Vultos solenes, de repente antigos,
E cada vez mais sombras,
Ao encontro fatal -


e nunca,

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

O barco escuro no soturno rio,
E os novos abraços da frieza stígia
E o regaço insaciável
Da pátria de Plutão.

o jamais.

1 Comentar?:

Glayce Santos disse...

Não, Plutão...Continua não atualizando!!!! =(