[do arremesso]

(Foto: Minha-com-algo-dela)



Cansei de tua conversa velha, de tua mania de cidade antiga, que vive escorada em beleza de andaime e pedra amarrada.
Cansei de todo esse riso defumado em hálito fútil, desse dente amarelo exposto, monumento à costumeira trivialidade.
Cansei do perfume da tua irmã, da blusa do teu irmão, dos discos dos teus pais e do suposto eruditismo de alcova.
Cansei da tua cultura clássica dos teriaki de ontem e hoje e a sua genialidade de eterna-festinha.
Cansei de ti, e de todos os que, iguais a ti, vão pede titubante a tropeçar constantemente na mesma calçada baixa.
Cansei de toda essa tua singela balela, sutil e perigosa como a mão de Cleopatra, a desavizada furta-figos.
Cansei dos teus abraços e dos amistosos tapinhas entre adagas e beijos.

Cansei de ti, cansei
Cansei de mim, também
E de nós insatisfeito, vou procurar um outro eu
Qualquer coisa que não seja você

Alguém de gigantesco pulmão
E fôlego de mergulhador
Para que esta fadiga
Nunca mais me ataque.

Palavra de escoteiro
Que ontem mesmo vou me matricular
Em uma academia
O mais longe de casa
Para que no caminho
Eu tenha mais tempo para pensar
No caminho que tive que passar
E no tempo que estive tão
Cansado.

Palavra de escoteiro
Que amanhã eu acordo cedo
E descansado.

Adeus
Porque quem diz já-fui não deixa meio termo
Vai.

Fui.

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